sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Castelo de Lata

Do alto do Observatorium descobriu-se o que as pessoas fazem quando estão dirigindo seus carros, sozinhas. Elas comem, comem o que gostam. Comem a quantidade que lhes é conveniente. E ninguém pode censura-las ou impedi-las, afinal, estão sozinhas e cem seus castelos móveis de lata. Qualquer um pode vê-las, mas não podem impedi-las.

O observador, depois de esquadrinhar cada recando da praça, passou a prestar atenção nos carros que cortam a visão do lugar. Em geral, uma pessoa dirige enquanto quem está no carona deguste comidas e bebidas. As vezes os motoristas recebem um agrado do carona que põe em sua boca um petisco. Mas de uns tempos para cá, os condutores dos veículos, põem seu farnel no banco do carona enquanto beliscam e bebericam.

VO trecho que os veículos percorrem é curto e exige atenção. Porém a perícia dos pilotos atende aos desejos dos mais afoitos e impacientes. Eles se distraem apenas por alguns segundos, o suficiente, para escolher a guloseima e coloca-las inteira na boca. Porém, o mais divertido é a alegria estampada no rosto deles.


sábado, 14 de julho de 2018

OS 144 MIL SELADOS (Ap. 7)

 Rev. Kenneth L. Gentry, Jr. 

Resultado de imagem para os 144 mil
Como a ira do Cordeiro contra os judeus registrada em Apocalipse, testemunhamos uma pausa surpreendente no drama terrível. Quatro anjos estão retendo o vento “da terra”, quer dizer, de Israel (7.1-3). Esse ato é uma imagem simbólica, que relata o que Robert Thomas chama (em outro lugar) de “apocalíptico pitoresco”.(1) Os anjos não estão literalmente segurando os ventos, mas os ventos de destruição (v. Jr. 49.36,37; 51.1,2). Os primeiros seis selos representam a fase inicial da guerra dos judeus, em que Vespasiano lutou a seu modo pela Galiléia em direção a Jerusalém. Mas antes de ele ter uma oportunidade para sitiar Jerusalém, a ação é interrompida enquanto esses anjos selam os 144.000 das doze tribos de Israel (Ap. 7.3).

O número 144.000, como a maioria dos estudiosos concorda, é certamente simbólico. Na realidade, em Apocalipse todos os milhares perfeitamente arredondados parecem ser simbólicos. Dez é o número quantitativo de perfeição, e mil o cubo de dez. Com freqüência as Escrituras usam o número 1.000 como valor simbólico, e não expressa uma enumeração literal (e.g., Êx. 20.6; Dt. 1.11; 7.9; 32.30; Js. 23.10; Jó 9.3; Sl. 50.10; 84.10; 90.4; 105.8; Ec. 7.28; Is. 7.23; 30.17; 60.22; 2Pe. 3.8). Além disso, nesse livro altamente simbólico, deveríamos notar que exatamente 12.000 pessoas vêm de cada uma das doze tribos. Mas o que simboliza o número? E quem são essas pessoas? Qual é o significado desse episódio? 

Para avaliar essas perguntas corretamente, temos de lembrar os seguintes fatos: 1) Os acontecimentos estão ocorrendo no século I, conforme João tão claramente afirma (1.1,3; 22.6,10); 2) Os julgamentos estão caindo sobre Israel e se direcionando para Jerusalém (v. discussão anterior em 1.7 e caps. 5 e 6); 3) O cristianismo apostólico tendeu a se focalizar em Jerusalém (v. At. 1.4,8; 18.21; 20.16; 24.11);(2) 4) João considera os judeus não-cristãos como os que “se dizem judeus mas não são”, pois são membros da “sinagoga de Satanás” (Ap. 2.9; 3.9; v. Jo. 8.31-47). 

Por conseguinte, esses “servos de Deus” das “doze tribos de Israel” (7.4-8) são a raça de judeus que aceitam o Cordeiro de Deus para a salvação  Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9) www.monergismo.com 2 (aparecem posteriormente com ele no Monte Sião, 14.1-5).(3) Quando comparamos seu número especificamente definido (144.000) com “a grande multidão que ninguém podia contar” (7.9), esse número é relativamente pequeno. Mas eles representam um número perfeito, especialmente amado por Deus e que pertencem a ele (são verdadeiros judeus, o remanescente, v. Rm. 2.28,29; 9.6,27; 11.5). Assim, o Senhor coloca seu selo (espiritual) neles (Ap. 7.3; v. 2Co. 1.22; Ef. 1.13; 4.30; 2Tm. 2.19). De certo modo, o selar deles é a resposta à pergunta: “Quem poderá suportar?” (Ap. 6.17). A resposta: Somente aqueles que Deus protege – precisamente como o pano de fundo do AT (Ez. 9.4-9). 

Em outras palavras, antes que a guerra dos judeus alcance e subjugue Jerusalém, Deus, providencialmente, proporciona rápida cessação de hostilidades, permitindo aos judeus cristãos na Judéia escapar (como Jesus deseja em Mt. 24.16-22). Isso aconteceu quando o imperador Nero se matou (68 d.C.), fazendo os generais romanos Vespasiano e Tito cessar as operações e bater em retirada por um ano devido ao tumulto em Roma.(4)Sabemos mediante os pais da igreja Eusébio e Epifânio que os cristãos fugiram para Pella antes da guerra subjugar Jerusalém (Eusébio, História eclesiástica 3.5.3; Epifânio, Heresies 29.7). 

Fonte: Apocalipse, C. Marvin Pate (organizador), Editora Vida, p. 58-60.(5)  

(1)Revelation 1 – 7, p. 465.
(2) Os crentes primitivos continuaram a seguir para Israel: engajando-se em observâncias e adoração judaicas (At. 2.1ss; 24.11; 21.26), focalizando e irradiando seu ministério de Jerusalém (At. 2 – 5) freqüentando o templo (At. 2.46; 3.1ss.; 4.1; 5.21ss.; 21.26; 26.21), freqüentando as sinagogas (13.5,14; 14.1; 15.21; 17.1ss.; 18.4,7,19,26; 19.9; 22.19; 24.12; 26.11), se designando como os verdadeiros herdeiros do Judaísmo (Gl. 3.27-29; 6.16; Fp. 3.3), e assim sucessivamente. 
(3)Thomas entendeu mal a apresentação em meu livro Before Jerusalem fell, cobrando erroneamente com contradição relativo à identidade dos 144.000. Diz que eu declaro em certo trecho que eles representam toda a igreja e em outro lugar somente os judeus convertidos em Israel. Em meu ponto de vista, os 144.000 representam os primeiros frutos do evangelho de judeus convertidos em Israel. Claro que, como tal são o começo da nova fase de aliança da igreja, mas eles não simbolizam a igreja. 
(4) Lucas traduz a terminologia hebraica de Mateus 24.15 de forma que entendemos o que acontece “Quando virem Jerusalém rodeada de exércitos, vocês saberão que as sua devastação está próxima” (Lucas 21.20), e naquele momento seus seguidores irão fugir (Lucas 21.21; cf. Mt. 24.16). Em 68 d.C., os generais Vespasiano e Tito “tinham fortalecido todos os lugares ao redor de Jerusalém [...] cercando a cidade por todos os lados” (Josefo, Wars 4.9.1). Mas quando Vespasiano e Tito são “informados que Nero estava morto” (4.9.2), não “continuaram com sua expedição contra os judeus” (4.9.2; cf. 4.10.2) até que posteriormente Vespasiano se tornasse o imperador em 69. Após isso “Vespasiano voltou sua atenção ao que permaneceu subjugado na Judéia” (4.10.5). 
(5)Compre esse excelente livro aqui: http://www.edificai.com.br/detalhe.asp?Codigo=483&from=Monergismo.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Escamas nos olhos



"Há um lado obscuro em cada um de nós onde mora o nosso medo proibido, luxuria e fúria contida. Estes desejos inconscientes não descansam tranquilamente na psique humana. Eles são em determinado sentido o nosso inimigo interno."

(Apresentação do documentário "INTERPRETAÇÃO DE SONHOS", baseado no livro escrito por Sigmund Freud, "Great Books")

Freud, em constante tormento por causa da natureza pecaminosa do homem, tentou buscar respostas na ciência desenvolvida pelo homem. A cada variante da sua natureza humana - exílio espiritual -, Freud formulava prováveis respostas inglórias. O lado obscuro do homem e a sua natureza dominada pela condição explicita, herdada por toda a humanidade atolava-o cada vez mais na areia movediça que é a ciência limitada dos homens. A resposta aos seus questionamentos está (ainda porque as escamas que encobrem seus olhos ainda não caíram) com o ser superior que o criou, ou melhor, criou todos nós. Bastaria fazer uma pergunta: como aliviar essa carga? E ele responde: conhecendo Jesus Cristo, seu Filho. O único com poder para fazê-lo.

terça-feira, 1 de maio de 2018

Crônica sobre um dia frio


Observatorium (30/04/2018)

Com o frio, os gêneros pelados não frequentam a praça e nem se alternam. Cães não passeiam mais e rejeitam seus donos. Quem manda na parceria é o animal enquanto o humano balança o rabo. A elite canina expert em malabarismos faz seus donos dar piruetas enquanto os femininos penteiam seus pelos. O frio assustou os visitantes caninos e intimidou os humanos. Pra sair de casa só com seu dono.

O frio intenso atira setas de gelo que ao acertarem as folhas alaranjadas da amendoeira (uma) transformam-nas em abanadores de galhos. As folhas que ainda insistem em ficar nos galhos são manipuladas pelo vento girando-as em torno de si mesmas. O exercício fadiga as astes que as sustentam até que se cansem e alcem voo. Até ai tudo bem, acontece que essa torsão coletiva da natureza também solta as folhas mais estressadas que pavimentam o piso de laranja ao redor.

O mesmo vento que varre as folhas pelo ar manipula pelo chão o destino delas que é a vala na guia, e assim engrossa o caldo deixando a falsa impressão de que estamos no outono. Mas aqui não é hemisfério norte. Como as alaranjadas não são comuns como lá não dispomos de equipamentos reguladores para evitar o tapete.

Um homem solitário, já cansado das labutas de cabeça baixa manipula uma vassoura e um saco no carrinho que o acompanha. Apesar da semelhança, não é Papai Noel porque ele é desprovido de pança. O homem solitário de tanto olhar para baixo não consegue avistar quem está a sua frente. À medida que o falso Papai Noel varre, as folhas caem ou voltam com o vento e as pessoas que passam pisam no monte alegrando o vento que dá gargalhadas quando elas despencam de seus galhos. O homem que não é o Papai Noel se zanga, mas nada pode fazer porque não consegue olhar para cima enquanto resmunga.

Ontem, dois garis do sexo feminino, pintados de amarelo, varreram um pedaço pequeno do perímetro da praça. Elas estavam zangadas com caras de poucos amigos tentando adivinhar quem havia se tornado seu inimigo. A medida que as folhas teimavam em não ir para onde elas deveriam rolavam na direção contrária pela calçada e a rua como se fosse uma risada. As meninas zangadas e aborrecidas com a molecagem das folhas foram embora sem terminar o serviço.

O dia frio faz da praça um deserto de gente, de animais e de qualquer outro ser vivo. O peixe que nada no aquário em frente fica entediado porque não há nada que possa distraí-lo. A ele só resta comer ração e fazer bolhas na água.

A mesma praça

OBSERVASTORIUM 250817

Depois de um longo e tenebroso inverno, o dia amanheceu colorido. O tom amarelo predominou e influenciou as outras cores, apesar do cinza assustar. O Sol resistiu o quanto pode e o céu desabrochou num belo tom de azul. Mesmo assim, todos os dias, ela encara o observador A amendoeira sofre do “Mal de Parkinson” atiçado pelo vento; nunca melhora; as suas folha despencam e cobrem todo o chão sobs sua sombra.

Casais de todas as idades, de mãos dadas, abraçados um ao outro ou as suas bengalas, se guiam pelos traçados das calçadas riscadas. É peculiar o cuidado que um tem com o outro.

Apesar do sol dourado, a brisa que acalenta a amendoeira esfria a pele descobertas dos corpos sarados e outros relaxados que desfilam. O responsável pela festa matinal é o clima.

As caixas com rodas em torno da praça permanecem inertes enquanto outras, em quantidade reduzida transitam freneticamente pelo local.

As motocicletas que raramente atravessavam a praça, agora, são mais constantes do que as caixas. Algumas se exibem como se fosse partir desse mundo irritando os transeuntes que reagem.

É assim o dia comum na vida da gente e da praça.