sábado, 14 de julho de 2018

OS 144 MIL SELADOS (Ap. 7)

 Rev. Kenneth L. Gentry, Jr. 

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Como a ira do Cordeiro contra os judeus registrada em Apocalipse, testemunhamos uma pausa surpreendente no drama terrível. Quatro anjos estão retendo o vento “da terra”, quer dizer, de Israel (7.1-3). Esse ato é uma imagem simbólica, que relata o que Robert Thomas chama (em outro lugar) de “apocalíptico pitoresco”.(1) Os anjos não estão literalmente segurando os ventos, mas os ventos de destruição (v. Jr. 49.36,37; 51.1,2). Os primeiros seis selos representam a fase inicial da guerra dos judeus, em que Vespasiano lutou a seu modo pela Galiléia em direção a Jerusalém. Mas antes de ele ter uma oportunidade para sitiar Jerusalém, a ação é interrompida enquanto esses anjos selam os 144.000 das doze tribos de Israel (Ap. 7.3).

O número 144.000, como a maioria dos estudiosos concorda, é certamente simbólico. Na realidade, em Apocalipse todos os milhares perfeitamente arredondados parecem ser simbólicos. Dez é o número quantitativo de perfeição, e mil o cubo de dez. Com freqüência as Escrituras usam o número 1.000 como valor simbólico, e não expressa uma enumeração literal (e.g., Êx. 20.6; Dt. 1.11; 7.9; 32.30; Js. 23.10; Jó 9.3; Sl. 50.10; 84.10; 90.4; 105.8; Ec. 7.28; Is. 7.23; 30.17; 60.22; 2Pe. 3.8). Além disso, nesse livro altamente simbólico, deveríamos notar que exatamente 12.000 pessoas vêm de cada uma das doze tribos. Mas o que simboliza o número? E quem são essas pessoas? Qual é o significado desse episódio? 

Para avaliar essas perguntas corretamente, temos de lembrar os seguintes fatos: 1) Os acontecimentos estão ocorrendo no século I, conforme João tão claramente afirma (1.1,3; 22.6,10); 2) Os julgamentos estão caindo sobre Israel e se direcionando para Jerusalém (v. discussão anterior em 1.7 e caps. 5 e 6); 3) O cristianismo apostólico tendeu a se focalizar em Jerusalém (v. At. 1.4,8; 18.21; 20.16; 24.11);(2) 4) João considera os judeus não-cristãos como os que “se dizem judeus mas não são”, pois são membros da “sinagoga de Satanás” (Ap. 2.9; 3.9; v. Jo. 8.31-47). 

Por conseguinte, esses “servos de Deus” das “doze tribos de Israel” (7.4-8) são a raça de judeus que aceitam o Cordeiro de Deus para a salvação  Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9) www.monergismo.com 2 (aparecem posteriormente com ele no Monte Sião, 14.1-5).(3) Quando comparamos seu número especificamente definido (144.000) com “a grande multidão que ninguém podia contar” (7.9), esse número é relativamente pequeno. Mas eles representam um número perfeito, especialmente amado por Deus e que pertencem a ele (são verdadeiros judeus, o remanescente, v. Rm. 2.28,29; 9.6,27; 11.5). Assim, o Senhor coloca seu selo (espiritual) neles (Ap. 7.3; v. 2Co. 1.22; Ef. 1.13; 4.30; 2Tm. 2.19). De certo modo, o selar deles é a resposta à pergunta: “Quem poderá suportar?” (Ap. 6.17). A resposta: Somente aqueles que Deus protege – precisamente como o pano de fundo do AT (Ez. 9.4-9). 

Em outras palavras, antes que a guerra dos judeus alcance e subjugue Jerusalém, Deus, providencialmente, proporciona rápida cessação de hostilidades, permitindo aos judeus cristãos na Judéia escapar (como Jesus deseja em Mt. 24.16-22). Isso aconteceu quando o imperador Nero se matou (68 d.C.), fazendo os generais romanos Vespasiano e Tito cessar as operações e bater em retirada por um ano devido ao tumulto em Roma.(4)Sabemos mediante os pais da igreja Eusébio e Epifânio que os cristãos fugiram para Pella antes da guerra subjugar Jerusalém (Eusébio, História eclesiástica 3.5.3; Epifânio, Heresies 29.7). 

Fonte: Apocalipse, C. Marvin Pate (organizador), Editora Vida, p. 58-60.(5)  

(1)Revelation 1 – 7, p. 465.
(2) Os crentes primitivos continuaram a seguir para Israel: engajando-se em observâncias e adoração judaicas (At. 2.1ss; 24.11; 21.26), focalizando e irradiando seu ministério de Jerusalém (At. 2 – 5) freqüentando o templo (At. 2.46; 3.1ss.; 4.1; 5.21ss.; 21.26; 26.21), freqüentando as sinagogas (13.5,14; 14.1; 15.21; 17.1ss.; 18.4,7,19,26; 19.9; 22.19; 24.12; 26.11), se designando como os verdadeiros herdeiros do Judaísmo (Gl. 3.27-29; 6.16; Fp. 3.3), e assim sucessivamente. 
(3)Thomas entendeu mal a apresentação em meu livro Before Jerusalem fell, cobrando erroneamente com contradição relativo à identidade dos 144.000. Diz que eu declaro em certo trecho que eles representam toda a igreja e em outro lugar somente os judeus convertidos em Israel. Em meu ponto de vista, os 144.000 representam os primeiros frutos do evangelho de judeus convertidos em Israel. Claro que, como tal são o começo da nova fase de aliança da igreja, mas eles não simbolizam a igreja. 
(4) Lucas traduz a terminologia hebraica de Mateus 24.15 de forma que entendemos o que acontece “Quando virem Jerusalém rodeada de exércitos, vocês saberão que as sua devastação está próxima” (Lucas 21.20), e naquele momento seus seguidores irão fugir (Lucas 21.21; cf. Mt. 24.16). Em 68 d.C., os generais Vespasiano e Tito “tinham fortalecido todos os lugares ao redor de Jerusalém [...] cercando a cidade por todos os lados” (Josefo, Wars 4.9.1). Mas quando Vespasiano e Tito são “informados que Nero estava morto” (4.9.2), não “continuaram com sua expedição contra os judeus” (4.9.2; cf. 4.10.2) até que posteriormente Vespasiano se tornasse o imperador em 69. Após isso “Vespasiano voltou sua atenção ao que permaneceu subjugado na Judéia” (4.10.5). 
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