sexta-feira, 24 de agosto de 2012

As Bibliotecas do Metrô




Em um post aqui do blog, o amigo Pedro Jansen falou sobre a falta de tempo que temos para ler. Precisamos abrir mão de alguma coisa no nosso dia e, invariavelmente, é da leitura de um livro, principalmente os não obrigatórios de vestibular, faculdade ou pós. Acredito que esse é um dos motivos pelas bibliotecas serem pouco frequentadas e aproveitadas. Se não conseguimos parar um pouco para ler aquele livro encostado na estante, que dirá sair do nosso percurso para ir a uma biblioteca (quando há bibliotecas perto de nosso trajeto).

Se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé. O ditado não serve só para as horas em que você decide visitar alguém e diz isso na entrada da porta. Faz muito sentido para mostrar que, de um jeito ou de outro, é possível fazer com que a montanha e Maomé se encontrem (transporte aqui essa analogia para qualquer situação da sua vida).

É com essa ideia que o IBL (Instituto Brasil Leitor) levou as bibliotecas para dentro das estações do Metrô de São Paulo, com o projeto Embarque na Leitura. São livros de todos os tipos, sempre atualizadas com o mercado editorial. Eu, por exemplo, acabei lendo “Admirável mundo novo”, de Aldous Huxley pela primeira vez pegando de uma dessas bibliotecas, e em uma edição nova do livro. Já havia folheado alguns volumes do quadrinho “Watchmen”, mas peguei um volume encadernado e com todas as edições também em uma das bibliotecas. O cadastro é gratuito, bem como o empréstimo, que pode ser renovado para ter mais tempo de ler.

Claro que há todo um charme nas bibliotecas tradicionais, além de ser proporcionado um ambiente que possibilita que suas leituras sejam feitas naquele local. Porém, a possibilidade de incentivo à leitura colocando os livros no caminho das pessoas é algo único no país. O projeto está em 15 estações do Metrô em SP e recentemente inaugurou uma biblioteca no Terminal Pelópidas Silveira, em Pernambuco, numa parceria com o Fundação Gilberto Freyre.

São milhares de livros emprestados todo mês, graças a parcerias com a iniciativa privada, já que o IBL é uma Oscip (como se fosse uma ONG mas com fins lucrativos). Com o incentivo fiscal, o investimento acontece realmente em algo que tem feito diferença na vida de muitas pessoas, que podem ter acesso a livros que muitas vezes não leriam por não irem atrás de bibliotecas ou livrarias.

De repente, não há mais diferença entre a montanha e Maomé.

Fonte: O Livreiro, por Por Gabriel Louback