sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O que todos os crentes devem saber - A sentença de Jesus Cristo


Por João Luiz


No ano 19 do imperador romano, de todo o mundo, Tibério, monarca invencível: 121 da Olimpíada, 124 da Ilíada, 4187 da independência da Babilônia. Sendo governador da Judéia, Quintino Pilatos. Gerente da Galiléia, Herodes Antipas; Pontífice do sumo sacerdote Caifas. Magno do templo. Alilamael, Roban Achabel.

Franchino Centauro, cônsules romanos da cidade de Jerusalém Quintino Sublime,  Visto Pompilio Rusto. Dia 25 de março, eu, Pôncio Pilatos,  aqui presidente do império romano, dentro do palácio e arque-residência. Julgo e condeno, e sentencio a morte; Joshua, chamado pela plebe Cristo Nazareno.

E Galileu de nação, homem sedicioso contra a lei mosaica, e contrário ao grande imperador Tibério Cesar. Determino e ordeno, por esta que se lhe dê a morte, na cruz, sendo pregado com cravos, com os réus, porque congregando por aqui, homens ricos, e pobres, não tem cessado de promover tumultos, por toda a Judéia, dizendo-se filho de Deus, e rei de Israel. Ameaçando com a ruína de Jerusalém, e o sacro templo.

Negando o tributo a césar, e tendo ainda o atrevimento de entrar, com ramos em triunfo, e com parte da plebe dentro da cidade, de Jerusalém, que seja ligado, e açoitado e que seja vestido de púrpura, e coroado de alguns espinhos, com a própria cruz nos ombros. Para que sirva de exemplo à todos os malfeitores, e que juntamente com ele, sejam conduzidos dois ladrões, homicidas; e sairão pela porta sagrada, hoje Antoniana, e que se conduza Jesus, ao monte da justiça pública, chamado Calvário,  e onde seja crucificado e morto.

Ficará seu corpo na cruz, como espetáculo para todos os malvados, e que sobre a cruz, seja posto um título, em 3 línguas. Hebraica, Grega e Latina – Joshua-Nazarenos (Rex Judaeorm). Mando também que nenhuma pessoa, de qualquer estado, ou condição se atreva, temerariamente a impedir, a justiça por mim determinada, e executada, com todos o rigor, segundo os decretos e leis romana. Quem tal causar, será acusado de rebelião e sofrerá as penas respectivas Testemunhas. Pelas 12 tribus de Israel, Rabain Daniel, Boncar Barbossú. Lobi Peculani. Pelos Fariseus. Rúbia Semeão. Ronol Habam. Mondoam. Buncorpasi.
Fonte: Revista A Seara.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Sebo virtual é antialérgico



O Estado de S. Paulo - 16/04/2006 - Shaonny Takaiama
Existe uma seara em que assumir seu lado consumista não é pecado e que agora conquistou também o mundo virtual. Estamos falando dos sebos e seus ratos, ou melhor, compradores. Um típico rato de sebo é aquela pessoa que não se importa de garimpar em estantes empoeiradas e, muitas vezes, além de disputar espaço com as traças, ainda gasta muita sola de sapato à procura de uma preciosidade. Muitos deles chegam a desembolsar verdadeiras fortunas quando a edição que procuram de seu autor favorito é autografada. Na contramão dos ratos de sebos, existe um grande número de internautas que exercitam o desapego pelos livros. Em vez de garimpar em sites e vibrar com a aquisição de alguma nova preciosidade, essa turma prefere tornar público o seu prazer, compartilhando livros já lidos com qualquer desconhecido, qualquer mesmo - a idéia é deixar os livros em bancos de praça, estações de metrô, orelhões e outros locais públicos. São os adeptos do Livro Livre, uma campanha que já existe na América Latina, Estados Unidos e Europa, com alguns detalhes diferentes em cada local, mas que tem basicamente o mesmo objetivo: articular pessoas numa ação de incentivo à leitura. Periodicamente, a organização promove liberações em massa de livros, como a que irá acontecer no próximo dia 23 de abril, o Dia do Livro. Boa oportunidade para praticar o desapego e esvaziar a estante. 

A MÚSICA QUE VIROU BIBLIOTECA


Incomodado com a distância existente entre os livros e os jovens da Cidade Tiradentes, bairro onde mora, o rapper Adalberto da Silva, conhecido como Betinho, resolveu lançar uma música exótica se levados em conta os padrões locais, intitulada "Vamos Ler um Livro". Não podia imaginar que a música fosse acabar virando uma biblioteca.

"Procure se informar/ Não seja o mestre da burrice/ São tantos que falam merda/ Isso enjoa é um tomento/ Procure ler um livro/ Pois é a máquina do tempo." Tocada nos shows de rap, a música até que pegou, mas Betinho percebeu o erro: "Estávamos cobrando leitura de quem dificilmente consegue ir a uma biblioteca", constatou.

Nascido na Paraíba e criado na periferia de Recife (veio a São Paulo quando era adolescente), Betinho e seus parceiros do grupo Mucambo aproveitaram os shows e pediram doações para a construção de uma biblioteca comunitária. "Começou meio na brincadeira".

Conseguiram recursos para inaugurar, neste ano, a biblioteca comunitária Solano Trindade (o nome é uma homenagem ao poeta negro pernambucano), que será administrada pelos próprios moradores. No primeiro mês, 300 jovens se cadastraram; agora, já são mais de 700. Sempre que possível misturam-se ali literatura e música. "É preciso estudar muito um assunto para compor um rap, não dá para falar qualquer coisa".

A primeira dessas misturas Betinho fez quando chegou a São Paulo, apaixonado apenas por maracatu, frevo e baião. Logo se encantou com as batidas do movimento hip hop. "Descobri muita semelhança entre a musicalidade do rap e o repente nordestino".

Um sonho musical está em discussão entre os freqüentadores da biblioteca: a criação de um selo cooperativo para lançar talentos jovens da periferia. Talvez esse sonho saia do papel mais cedo do que Betinho imagina: a rádio Brasil 2000 decidiu, na semana passada, que parte do faturamento da emissora será destinada a uma incubadora de talentos musicais, especialmente da periferia.

FONTE: FOLHAONLINE, URBANIDADE

A MÚSICA QUE VIROU BIBLIOTECA
CANÇÃO "VAMOS LER UM LIVRO"

O grupo de rap Juventude Armada, cujos integrantes fazem parte do Força Ativa,
compôs a canção "Vamos Ler um Livro", que dá uma idéia do trabalho realizado ...

"BIBLIOTECA COMUNITÁRIA SOLANO TRINDADE"
http://bibliotecasolanotrindade.blogspot.com
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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Por que a escola não serve pra (quase) nada


setembro 5, 2008 
01 | 05 | 2000

Por que a escola não serve pra (quase) nada
Por Gustavo Ioschpe

Sempre me intrigou o fato de que os melhores alunos terminam não repetindo o sucesso escolar vida afora e, ao mesmo tempo, que as pessoas de grande êxito em suas atividades foram, frequentemente, maus alunos, ou pelo menos nada brilhantes. Não são inquietações que me surgiram agora, mas já na época de estudante.

Nessa mesma época, de estudante secundário, comecei a sentir um profundo incômodo com a vida estudantil. Quando criança, tinha muito prazer em ir ao colégio, em aprender aquelas coisas novas todo dia, em resolver mistérios. A educação é o mecanismo de inserção mais poderoso que há: com ela, penetramos no mundo e nos sentimos participantes da nossa realidade. A grande parede de ignorância que nos barra da compreensão do universo vai aos poucos sendo derrubada.

Mas, em um certo momento, lá pelo fim do primeiro grau, o encantamento se quebrou. Não sei se eu é que perdi a ingenuidade, ou se foi a escola que mudou, mas ficou tudo esquemático, mecânico e completamente broxante. A relação com o professor, que antes era de companheirismo e admiração nessa viagem de descobrimento, virou burocrática e antagonística. Pairava no ar o reconhecimento mútuo de que entrávamos em um teatro, onde mestres e pupilos eram atores secundários e o papel principal ficava a cargo da mediocridade, a se infiltrar e dominar tudo. Ela ditava que o nosso papel ali era de fingidores: o professor fingia estar ensinando e se interessando pela inteligência de seus alunos, e o aluno fingia estar aprendendo e absorvendo conhecimentos que lhe seriam úteis.

No fundo, todos sabiam que grande parte do que se ensinava ali era inútil e desinteressante, mas, enfim, caía no vestibular, então o que é que se havia de fazer, né?

Assim, passei, como todos os meus colegas, anos e anos regurgitando o que diziam os livrinhos que os professores nos indicavam. Líamos grandes livros, falávamos sobre grandes personagens históricos, mas o que ficava eram perguntas sobre o enredo, pedidos de descrição de eventos e causas. Nenhuma elucubração, nenhum desejo de ir além do texto, nenhuma tentativa, enfim, de pensar e imaginar. Qualquer tentativa de dizer algo diferente ou pensar o proibido era (e continua sendo) punida com canetaços vermelhos e notas baixas ou, em casos mais severos, conversinhas com orientadores pedagógicos e coordenadores educacionais (nomes infames para cargos que se resumem aos de carcerários do presídio de almas que é a escola moderna).

Assim, o sistema educacional transformou-se numa máquina produtora de mediocridade e resignação, que vai aos poucos filtrando os inconformistas e deixando-os de lado, rotulando-os como “problemáticos”. Matando o espírito questionador, já que qualquer pergunta desafiadora é vista como um desafio à autoridade. Por isso é que os bons alunos não raro têm vida escolar apagada, e os maus alunos se saem bem: fora das paredes da escola, o espírito crítico, a imaginação e a vontade de fazer diferente são fatores indispensáveis ao sucesso.

O que só comprova a impressão de que colégios viraram exatamente aquilo que foram criados para combater: templos da gratificação da mediocridade e da mesquinharia; fortalezas que massacram aquilo que há de espontâneo nos jovens, e os “preparam para a vida”, dando-lhes a garantia de sobrevivência que é, ao mesmo tempo, a garantia de uma vida sem saltos, voltas, dúvidas, explosões, entusiasmos, descobertas, angústias e fascínios. Tudo, enfim, que faz com que a vida valha a pena.

P.S. Antes que o tradicional espírito de porco pergunte se me imagino um gênio incompreendido, confesso que passei minha temporada escolar perseguindo notas altas e me empenhando em ser o melhor da classe, mesmo sabendo a falência moral que isso significava. O que só me entristece e envergonha.


O Show do Eu


DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - v.10   n.5 out/09                   RECENSÕES 

1) O Show do Eu
Autor: Paula Sibilia
Editora: Nova Fronteira
ISBN: 9788520921296
Origem: Nacional
Ano: 2008
Edição: 1
Número de páginas: 288. 

O show do eu - a intimidade como espetáculo, originalmente uma bem-sucedida tese de doutorado, é o resultado da primorosa pesquisa bibliográfica da professora argentina Paula Sibilia. Neste livro, a autora nos mostra de que maneira cresceu o interesse da sociedade do espetáculo pela privacidade de famosos e pessoas comuns, através de veículos como biografias, blogs na internet e reality shows na televisão, traçando diálogos entre os grandes pensadores contemporâneos da individualidade. O que essas pessoas tão parecidas conosco tem a dizer de original? É ler para descobrir.

O livro procura compreender os sentidos de um fenômeno que acontece em anos recentes: a exposição pública da vida privada e da intimidade dos usuários da Internet através de dispositivos como webcams, blogs, fotologs, videologs, Orkut, Facebook e YouTube. Com seu estatuto ambíguo entre o público e o privado, a ficção e a realidade, a vida e a obra, estes espetáculos do eu exibidos na Web estão registrando um comportamento atual. As novas modalidades de expressão e comunicação permitem a pratica uma “escrita de si” sempre em construção de eu de tela catódia.

Outro fator que contribui para a espetacularização do eu e da própria vida com recursos performáticos de uma interpretação escondida pela vivência sem presença do ciberespaço. Estes elementos assinalam importantes transformações nos modos de produção e consumo nas sociedades ocidentais contemporâneas, um processo intenso e complexo que ainda está se delineando, embora já tenha dado a luz a formas subjetivas que se distanciam dos modos tipicamente modernos de ser e estar no mundo.

De acordo com a pesquisadora Paula Sibilia, os modos de construção do “eu” e os alicerces em cima dos quais se sustentam esse edifício mudaram pela necessidade de tornar público algo que deveria ser privado. Leia o pensar do livro em suas palavras:

“A intimidade tem se convertido numa espécie de cenário no qual devemos montar o espetáculo de nós mesmos”, constata Paula Sibilia. Com a revolução tecnológica da informação, o proliferamento da internet, o aumento de blogs e sites de relacionamento, o significado de intimidade mudou radicalmente, criando uma vida espetacularizada.

Paula diz que as novas tecnologias correspondem também a um novo modelo de vida social, e que “usamos essas ferramentas para responder às demandas de um universo cada vez mais distante daquela cultura oitocentista que incentiva a escrever diários verdadeiramente ‘íntimos’”. 

Nessa nova perspectiva, a vida e as relações ganham um novo sentido e a pessoa só existe se aparece para alguém. “Uma das principais manifestações dessa virada é um crescente desejo de ser visto, uma vontade de se construir como um eu visível, como um personagem que os outros podem ver e, graças a esse olhar reconfortante, confirmam a existência de quem se exibe”. 

Assim, o homem moderno tem uma personalidade alterdirigida ou orientada para o olhar dos outros. “Isto não acontece apenas na Internet, é claro, mas nas diversas práticas contemporâneas onde impera esse desejo desesperado de que os demais nos enxerguem e nos observem para que possamos existir”, explica.

Maria Paula Sibilia é graduada em Ciências da Comunicação, pela Universidade de Buenos Aires (UBA), mestre na mesma área, pela Universidade Federal Fluminense (UFF), e doutora em Saúde Coletiva, pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UFRJ). Atualmente, é professora no Departamento de Estudos Culturais e Mídia da Universidade Federal Fluminense (UFF). Autora,também, de O homem pós-orgânico: corpo, subjetividade e tecnologias digitais (Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002).

A inquietação inicial, que motivou a escrita deste livro foi o surgimento dos blogs. Ou seja, esses “diários íntimos” que de repente começaram a ser publicados na internet. A pergunta era a seguinte: até que ponto e em que sentido eles podiam ser considerados íntimos, se eram expostos tão publicamente na web?

Então, achei que se tratava de sintomas de uma nova época: todas essas novidades eram sinais de que algo tinha mudado radicalmente no que entendemos por intimidade, bem como no que é público e no que é privado hoje em dia. Tendo a afirmar que se trata de um fenômeno bem mais amplo: usamos essas ferramentas para responder às demandas de um novo tipo de sociedade.

Uma das principais manifestações dessa virada é um crescente desejo de ser visto, uma vontade de se construir como um eu visível, como um personagem que os outros podem ver e, graças a esse olhar reconfortante, confirmam a existência de quem se exibe. No mundo contemporâneo estão se transformando os modos em que se constrói esse eu que fala e que se mostra sem pausa, justamente porque necessita se exibir para ser alguém.

O que se procura, nessas novas práticas “exibicionistas” e “confessionais” não é mergulhar no mais obscuro de si mesmo para ter acesso às próprias verdades, como acontecia na escrita do diário íntimo tradicional ou no relato vital da psicanálise. Agora se persegue a visibilidade e, em certo sentido, também a celebridade.

A intimidade tem se convertido numa espécie de cenário no qual devemos montar o espetáculo de nós mesmos: a vitrine da própria personalidade. E esse show do eu tem que ser visível. É necessário se construir como uma subjetividade visível para que o olhar alheio possa confirmar que existimos. O importante é que cada indivíduo seja capaz de produzir um personagem visível para se mostrar e se vender, e que os outros se ocupem de confirmá-lo com seu olhar. Por isso, estas novas práticas denotam a configuração de novos tipos de subjetividades.

O mundo contemporâneo não solicita introspecção, mas ele pede aos gritos visibilidade, celebridade, habilidades comunicativas e marketing de si mesmo. Por isso, cada um deve aprender a se administrar como uma empresa, posicionando sua marca no mercado das aparências. E essas ferramentas de exposição multimídia e interativas nos ajudam a consegui-lo, além de nos capacitar para termos sucesso nessas arenas.
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Informações organizadas por Aldo de Albuquerque Barreto,  a partir do livro da autora e de fragmentos de sua entrevista à IHU On-Line. <http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?ption=com_tema_capa&Itemid=23&task=detalhe&id=1057