quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A idéia é minha e deixa de sê-lo quando plagiada

por Raufe Rau, Quinta, 6 de dezembro de 2012 às 15:00 ·

 

Em um jardim no subúrbio de alguma cidade do mundo há uma comunidade atuante de caramujos, e  invertebrados de todos os tipos, tamanho e origem. Há grave problema de comunicação nestas comunidades por conta das origens e a lerdeza com que levam a vida na “caramujolândia”.  A situação é tão periclitante que a simples formulação de uma frase se transforma em grego por conta da vagareza da fala.

Assim como em qualquer comunidade existe os da situação e os da contravenção. Quando um fala A ou outro diz Z. A situação está cada vez mais difícil de suportar.

Pois bem, alguém do lado que não é o da situação teve a brilhante idéia de espalhar frases chaves por toda a região da comunidade. Não deixa de ser uma ótima idéia  porque minimizar o problema da lerdeza e conseqüentemente de comunicação. Afinal, as pessoas precisam se entender se quiserem melhorar a qualidade de vida, ora bolas! 

Uma boa idéia. Todos os caramujos que não estavam incluídos  na cartilha da situação,  concordaram.  A proposta seria  um avanço social e de realização se, e somente se, desse certo. Pois foi essa a argumentação da situação à idéia da contravenção – não há garantias de que vá dar certo. 
- Claro que vai dar certo! É uma coisa tão simples!
- Não há garantias, disse a situação.
- Mesmo sendo algo novo é simples e não tem como dar errado, contra argumentou a contravenção.
- Precisamos de garantias...
- Eu garanto! Disse o líder da contravenção.
- Há! Riu o líder da situação.
O pessoal da contravenção tentou uma reação nada ortodoxa  quando alguém, da situação, disse que a idéia deles é melhor e pode dar certo.
- Que idéia? Perguntaram...
- Vamos por frases chaves nos pontos de maior circulação de nossos irmãos caramujos para que eles apontem quando precisarem pronunciá-la sem que leve a vida toda.
- Há!- Há! – Há! – Hááááá! Isso é plágio!
-Nããããããoo! Não é. Vocês queriam fazer algo novo, ou seja, sem experiência. E nós, da situação, temos a experiência. Por isso a nossa idéia deve prevalecer!

Enquanto o caramujo da situação criativo recebia  tapinhas nas costas, a contravenção entrou com um parecer no qual acusa a situação de roubar-lhes a idéia.

- Pera lá! Pera lá! Nós não roubamos nada. A situação não rouba nada de ninguém! Se alguém aqui roubou alguma coisa foram vocês ai da contravenção. Nós já vínhamos desenvolvendo essa idéia há tempos. Vocês nos espionaram e se apropriaram da nossa idéia!
- O quê?  Você ta louco?
- Não. Loucos  estão vocês com essa mania são sempre roubados. E vamos parar por aqui. Guarda leva essa gente para fora do palácio. Amanhã mesmo vamos por em prática a nossa idéia. O povo vai ficar muito agradecido.

E assim, entre tantas idéias e nenhuma gerência a tal foi implantada.  A visão  de que quem grita mais auto, vence, vale até mesmo para a construção do outro.  

A reunião acabou em pizza. E ficou a noção de que quem grita mais pode mais. Não houve consenso. A vontade de uns poucos se sobrepôs a dos outros.  Com isso o temor de que não daria certo permeou todo o projeto. Os caramujos pagaram para ver se ainda existirá após o período de adaptação.

Nem sempre a razão prevalece. As vezes a paixão supera a razão. E é esse tipo de comportamento que determina o fim de uma espécie. (HCG)