quarta-feira, 13 de maio de 2015

'Biblioteca a cavalo' atende região com vulcões, vilarejos e analfabetos

07/05/2015 13h01 - Atualizado em 07/05/2015 13h01

Para estimular leitura, homem na Indonésia viaja por Java Central com livros armazenados em caixas nas costas de um cavalo.

Ricardo Senra Da BBC Brasil, em Londres


Ridwan Sururi e Luna visitam escolas na Indonésia três vezes por semana (Foto: Getty Images/BBC)

O analfabetismo entre adultos na Indonésia está em queda, mas uma região do país possui quase um milhão de adultos que não sabem ler. Em Java Central, um homem e seu cavalo tentam - pelo menos - melhorar o acesso da população a livros.

Ridwan Sururi, de 42 anos, é quem cuida de Luna, um antigo cavalo selvagem. A altura do animal chega apenas ao ombro dele.

Eles vivem no vilarejo de Serang, na região de Purbalingga, em Java, uma região rural e tropical, nos arredores de um dos mais ativos vulcões indonésios - o Monte Slamet.

Numa região de diversos vilarejos, Sururi e Luna fazem uma conexão essencial entre as comunidades nos últimos meses.

Em janeiro, Sururi criou uma livraria móvel chamada Kudapustaka - que significa "biblioteca a cavalo" em indonésio. Ele viaja entre vilarejos com livros armazenados em caixas nas costas do cavalo.

Ridwan Sururi leva livros para escola na Indonésia (Foto: Getty Images/BBC)

Ele visita escolas três vezes por semana - às terças, quartas e quintas. Às vezes, leva também sua filha, Indriani Fatmawati.

Crianças e moradores não têm que pagar para emprestar os livros e Sururi diz não querer lucrar com a iniciativa.

"Eu amo cavalos, e quero que esse hobby beneficie as pessoas", disse ele à BBC Indonésia.

A ideia para a biblioteca itinerante veio de um amigo, Nirwan Arsuka, outro entusiasta de cavalos. "Ele me perguntou: podemos ajudar a sociedade através do nosso hobby? Eu disse que estava interessado, mas não sabia como".

Então, ele teve essa ideia de criar uma biblioteca móvel usando cavalos. Eu gostei da ideia, mas infelizmente não tinha nenhum livro. Daí, ele me mandou caixas de livros".

Segundo a Unesco, órgão da ONU para educação e cultura, a Indonésia fez grandes avanços na redução do analfabetismo entre adultos nos últimos anos, reduzindo o número de 15,4 milhões em 2004 para 6,7 milhões em 2011.

No entanto, o órgão diz haver mais de 977 mil adultos analfabetos em Java central, região de Ridwan.

Crianças pegam os livros (Foto: Getty Images/BBC)

Sururi não é dono de nenhum dos animais - apenas cuida deles. Teria ele pedido permissão para usar o cavalo como uma biblioteca móvel? "Não", diz, aos risos.

"O dono vive distante deste vilarejo e faz tempo que não visita os cavalos. Estou um pouco triste por causa disso".

Dos três cavalos que toma conta, Sururi escolheu Luna para fazer-lhe companhia. "Ele era um cavalo selvagem mas eu o domei. Luna nunca atacou ou mordeu ninguém, e é amável quando está cercado por crianças".

Ele disse esperar mais doações ao seu programa. "As crianças aqui amam quadrinhos e livros de histórias".

"Já os adultos precisam de livros de inspiração e guias, sobre agricultura, essas coisas".

Sururi sonha em ter seu próprio cavalo Kudapustaka - e, também, uma biblioteca real.

"Espero poder ter uma biblioteca pequena na frente de casa", diz ele. "Mas sei que isto é só um sonho".
[http://g1.globo.com/educacao/noticia/2015/05/biblioteca-cavalo-atende-regiao-com-vulcoes-vilarejos-e-analfabetos.html] 

terça-feira, 12 de maio de 2015

Cuidando do acervo




Por Givanilda Maria

O que acontece quando nos deparamos com um livro amarelado, meio escurecido ou ainda soltando um pozinho?
Ficamos em alerta com o acervo. Alguma coisa está acontecendo
No caso do escurecimento e amarelamento das páginas, é muito comum, por conta dos papéis antigos, que na maioria dos casos seja somente a reação de processos químicos produzidos pelo próprio papel. Já no caso dos livros começarem a soltar um pozinho, isso quer dizer que temos insetos se alimentado do nosso acervo.
Outras situações também contribuem para a deterioração do acervo, tais como a qualidade do papel, o simples ato de manusear o livro, as colas utilizadas e algumas capas que são precárias.
Isso sim é um problema presente na rotina do bibliotecário, dos arquivistas e dos curadores de museus. E sabemos que nesses centros de informação existem materiais muito importantes, raros, que precisam ser preservados, pois na maioria dos casos são únicos. Pensando nisso vamos dar algumas dicas, para prevenir e amenizar esses problemas:
- os locais destinados ao armazenamento, como armários e estantes, devem ser arejados e periodicamente limpos;

- a limpeza do miolo do volume deve ser feita com uma trincha macia, página por página, em local ventilado, utilizando máscara e luvas cirúrgicas, para evitar problemas de alergia ou contaminação por fungos;

- já a limpeza dos cortes dos volumes é feita com flanela de cor branca e seca, ou com uma trincha estreita e macia, com o cuidado de manter o livro bem fechado;

- se tiver marcas deixadas por insetos ou gorduras, a limpeza pode ser com uma lixa fina, adequada para papel japonês;

- não usar nenhum de fitas adesivas, colas plásticas, grampos ou clipes metálicos nas folhas e documentos guardados nos livros;

- não dobrar os cantos das páginas (orelhas), pois ocasiona o amolecimento e rompimento das fibras. Nunca virar as páginas segurando pelos cantos;

- os livros devem permanecer em posição vertical, em pé. Nunca acondicioná-los com a lombada para baixo ou para cima;

- não manter os livros muito compactados nas estantes;

- não fazer anotações, particulares ou profissionais, em papéis avulsos e colocá-los entre as páginas de um livro. Eles deixam marcas e permitem a penetração de sujeira e umidade;

- não utilizar espanador e produtos químicos para a limpeza do acervo e a área física da biblioteca, use trincha em local afastado das estantes. Para evitar a distribuição de poeira sobre os volumes, o piso deverá ser limpo com pano úmido.

- evitar forçar a abertura para tirar cópias de livros.

Com esses cuidados, podemos prolongar a vida do nosso acervo.

Informativo: Ano 5 - Nº 64



Livros pela liberdade!

Ilustração (Google)


Por
Galeno Amorim

Se multiplica com incrível rapidez, país afora, ações de leitura nas prisões. Entre tantos outros ganhos, levam à remissão da pena, o que ganhou alento graças às leis estaduais disciplinando esse benefício.

Das 80 bibliotecas que abri quando secretário de Cultura em Ribeirão Preto (2001/2004), naquelas abertas em presídios o índice de leitura já era, sem que houvesse remissão, o dobro da média da cidade - que saltou, no período, de 2 para 9,7 livros/ano. Viva!